Artigos acadêmicos publicados pelos pesquisadores do LAPI
2022
O período de 1981 a 1985 do governo Reagan e o processo de consolidação dos EUA como principal potência mundial
Ana Claudia Cortez, Patrícia Helena F. Cunha, Clarissa Nascimento Forner, Carlos Eduardo Carvalho.
Publicado em: Oikos - Revista de Economia Política Internacional - 2022.
Resumo
A sinergia entre processos complexos dos anos Reagan conduziu à recuperação e à consolidação do poder político e econômico dos EUA depois das crises dos anos 1970. A política externa agressiva contra a URSS foi o elemento decisivo, inclusive por ser o principal determinante para a elevação substancial do déficit público, apesar das políticas econômicas de supply side. O primeiro mandato trouxe iniciativas diplomáticas e militares que ultrapassaram a capacidade de resposta da URSS naquele momento, como ficou evidente com a ascensão de Gorbachev, em 1985. A forte alta dos juros, provocada pela guinada da política monetária promovida por Paul Volcker em outubro de 1979, ainda no governo Carter, e acentuada no início do governo Reagan, derrubou a inflação alta e debilitou a indústria tradicional e os sindicatos, enquanto o aumento do gasto militar e o estímulo às inovações tecnológicas favoreceram a recuperação econômica. No Acordo do Plaza, em 1985, os EUA obtiveram o apoio da Alemanha e do Japão para suas iniciativas monetárias e cambiais.
Mulheres em situações de conflito: breve olhar sobre a guerra na Ucrânia
Iaras-GEDES: Núcleo de Estudos de Gênero do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança/Participa: Kimberly Alves Digolin.
Publicado em: Perspectivas Revista de Ciencias Sociales - 2022.
Resumo
O uso da “curiosidade de gênero”, colocada no horizonte dos estudos sobre Segurança Internacional por autoras feministas, gera constante tensão nas bases das Relações Internacionais. O conflito Rússia-Ucrânia constitui um exemplo da necessidade de se olharpara as guerras a partir de lentes de gênero que questionem os papéis sociais de mulheres e homens nesses processos que deterioram profundamente o tecido social. O Iaras, Núcleo de Estudos de Gênero do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (Iaras-GEDES), apresenta aqui um esforço coletivo para discorrer sobre as diversas narrativas em torno das mulheres em situações de conflito, destacando as contribuições das abordagens que utilizam o gênero como uma categoria de análise nos debates sobre segurança internacional. A pergunta ‘onde estão as mulheres na guerra russo-ucraniana?’ serve como guia para analisar as complexidades do conflito, suas particularidades e a identificação dos papéis sociais que mulheres e homens, como anuncia uma ampla literatura, tendem a desempenhar em situações de conflito armado. Entre as imagens de vítimas e combatentes, existe um amplo espectro de tarefas e funções realizadas por mulheres de ambos os países, atuações que rompem as amarras dos estereótipos de gênero quemoldam os olhares tradicionais da disciplina.
Ensaio e Negação: a Autonomia na Política Externa da Argentina (1983-1999)
Matheus de Oliveira Pereira
Publicado em: Revista Sul-americana de Ciência Política - 2022.
https://doi.org/10.15210/rsulacp.v8i1.21234.
Resumo
O propósito deste artigo é realçar a conexão entre a organização do poder econômico e o trajeto da autonomia na política externa da Argentina entre 1983 e 1999. Argumenta-se que esta organização foi um fator decisivo para estabelecer a viabilidade interna das diretrizes de política externa desenhadas no período, especialmente aquelas elaboradas em resposta a pressões de origem internacional. As reformas empreendidas pelo regime autoritário (1976-1983) consolidaram o poder de setores específicos do capitalismo argentino, assegurando-lhes amplo poder de veto sobre as decisões adotadas pelos diferentes governos posteriores. Diante disto, as intenções de uma política externa autônoma no governo Alfonsín foram tolhidas pelas objeções internas feitas por estes grupos, ao passo em que, no governo Menem, a plena concretização de seus interesses implicou em negação do conteúdo autonomista da política externa.
Legitimation through Collectivization: Al Qaeda and US Discourses on the Use of Force
Bárbara Motta e David Succi Júnior
Publicado em: Studies in Conflict & Terrorism - 2021.
https://doi.org/10.1080/1057610X.2021.1961673
Abstract
Discursive struggles for legitimation are a constitutive feature of the politically guided deployment of force. This dynamic of political communication frequently entails engaging with multiple audiences, such as international, local, and intra-group. As it compels actors to diversify their narrative strategies, it often results in conflicting statements. We argue that a particular discursive strategy, which we call the collectivization of the self, provides actors with an instrument to address different audiences with a singular narrative. We present this strategy through a content and qualitative analysis of Bin Laden’s statements on terrorist actions and Bush’s speeches on the intervention in Afghanistan.
As relações especiais Estados Unidos-Israel e a Guerra de Yom Kippur: A construção de um lastro seguro de discordância
Bárbara Motta, Bruno Campos e Débora Lemos
Publicado em: Relações Internacionais, Lisboa, 2021.
https://doi.org/10.23906/ri2021.70a09.
Resumo
O Estado de Israel acumulou uma ampla história de aliança diplo‑ mática com os Estados Unidos, naquilo que a literatura denomina de «relações especiais», marcada por apoio político, militar e econômico, mas pouco se fala sobre esta relação durante a Guerra de Yom Kippur. Este artigo visa apresentar alguns elemen‑ tos para suprir essa lacuna, avançando dois argumentos: (i) que Yom Kippur é importante para evidenciar que as relações especiais não são irrestritas e (ii) que é justamente aí que se consti‑ tuem algumas balizas para um espaço de discordância possível e não preju‑ dicial. O artigo conduz uma análise dos documentos diplomáticos desclas‑ sificados pela National Security Archives, em 2003, reconstituindo posiciona‑ mentos de Israel e dos Estados Unidos.
Violence and Moral Exclusion: Legitimizing Domestic Military Operations in Brazil
David Succi Júnior
Publicado em: Armed Forces and Society - 2021.
https://doi.org/10.1177/0095327X20988106.
Abstract
Many contemporary security issues entail the domestic military deployment, which is deemed to blur the division between armed forces and police. This argument relies on the theoretical coalescence between territory, political authority, and community. In contrast, I argue the military domestic deployment is largely grounded on the process of defining and redefining the boundaries of the community to be protected, which informs the organization of the instruments of force and is shaped throughout the process of legitimizing a particular kind of violence deployment. This article analyses the parliamentary minutes on three domestic military operations in Brazil—Operation Rio (1994), Operation Arcanjo (2010), and the Operation Rio de Janeiro (2017)—through the moral exclusion framework and shows that the debates about whether or not the armed forces should be deployed are embedded in the struggle of drawing the community’s boundaries.
O futuro da América do Sul: Cenários prospectivos como uma ferramenta para a reflexão e para ação
Ana Elisa Thomazella Gazzola, Raquel Gontijo, David Paulo Succi Junior e Mariana da Gama Janot
Publicado em: Pensamiento Propio - 2021.
Enero-Junio 2021 / Año 26
Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar a ferramenta de elaboração de cenários prospectivos como um instrumento útil e relevante para a reflexão sobre o mundo político e as relações internacionais do Brasil. Os cenários prospectivos podem ser utilizados de forma profícua para instigar reflexões e debates, e informar os processos de tomada de decisão e de planejamento estratégico. Iniciamos o artigo com algumas ponderações sobre a pertinência da área de conhecimento denominada de “estudos de futuro”. Em seguida, apresentamos a metodologia empregada pelo Grupo de Elaboração de Cenários Prospectivos, do qual os(as) autores(as) deste trabalho fazem parte. Nas duas seções subsequentes, discutimos de forma resumida dois projetos desenvolvidos pelo grupo: o primeiro se refere à integração regional sul-americana, e o segundo se refere ao ambiente de segurança e defesa regional em que o Brasil está inserido. Por fim, encerramos o artigo com algumas reflexões sobre o que os cenários nos dizem acerca do ambiente político brasileiro, como um alerta para os caminhos danosos que estamos trilhando. E concluímos apontando a necessidade de que o governo brasileiro empreenda uma revisão e uma reformulação profunda das políticas que têm sido adotadas nas áreas de cooperação internacional e de defesa.
Brasil e Estados Unidos: cooperação em defesa e busca de autonomia (2003-2010)
Lívia Peres Milani
Publicado em: Carta Internacional - 2021.
https://doi.org/10.21530/ci.v16n1.2021.1091
Resumo
O objetivo neste artigo é analisar as relações Brasil-EUA, durante os anos de 2003 a 2010, com foco no campo da defesa e da segurança. Pergunta-se quais foram as estratégias brasileiras e como a busca de autonomia combinava-se às relações com a potência. O artigo está dividido em três seções, além da introdução e das considerações finais. Na primeira, o foco recai sobre a Política Exterior dos EUA para a América Latina, na segunda, discute-se a política exterior brasileira e, na terceira, analisa-se as relações bilaterais através de três temas: a construção do Conselho de Defesa Sul-americano, a assinatura do Acordo de Cooperação em Defesa (DCA) e a transferência de armamentos. Conclui-se que as relações bilaterais foram permeadas por um clientelismo fraco, no qual o Brasil impunha limites à parceria com os EUA sem desmontá-la.
US Foreign Policy to South America since 9/11: Neglect or Militarisation?
Lívia Peres Milani
Publicado em: Contexto Internacional - 2021.
https://doi.org/10.1590/S0102-8529.2019430100006.
Abstract
Academic literature on US Foreign Policy to South America usually states its lack of attention to the region in the post 9/11 period. I aim to problematize this assertion through an analysis of US regional security policy. Therefore, I consider data referring to military and economic assistance, arms transfers, and the SOUTHCOM position towards its area of responsibility, as well as official documents and diplomatic cables. I conclude that, although the region was not a priority, a waning in US actions or a moment of neglect in its policy towards it was likewise not observed. From a historical perspective, the area was never the main focus of attention, but there is a specialized bureaucracy that works on the region to maintain US hegemony. Therefore, the investigation indicates that Latin American assertiveness during the 2000s was caused primarily by the conjunction of the ascension of leftist governments and quest for autonomy, as well as by Chinese and Russian involvement in Latin America, but not by US neglect. The article is divided into six sections, including the introduction and final remarks. Following the introduction, I analyse the academic literature regarding USA-Latin American relations in the second section, the US assistance in the third, the SOUTHCOM postures in the fourth, and the strategies deployed by the USA regarding great powers and arms transfers in the fifth. Finally, I present the final remarks.
A presença da ONU em Timor-Leste e as transformações das operações de paz
Juliana Bigatão Puig, Kimberly Alves Digolin e Leonardo Dias de Paula.
Publicado em: Carta Internacional - 2021.
https://doi.org/10.21530/ci.v16n2.2021.1126.
Resumo
O artigo analisa as características das operações de paz da ONU em Timor-Leste, entre 1999 e 2012, no contexto da independência do país, e situa tais processos intervencionistas no panorama mais amplo de transformações dessas missões conduzido no âmbito da burocracia onusiana. A partir da apreciação de fontes documentais e bibliográficas, sustentase o argumento de que o componente operacional das missões em Timor-Leste refletiu a mudança dos atributos e princípios que orientam as operações de paz, especialmente no que se refere à multidimensionalidade e à robustez dos mandatos, assim como ao modelo de missões integradas.
Donald Trump e a América Latina: desconstruindo a ordem liberal internacional?
Lívia Peres Milani
Publicado em: Sul Global - 2021.
Resumo
A literatura sobre Política Externa dos EUA identificou que o governo Trump se destacava por suas posições iliberais frente à ordem internacional. Contudo, a retórica de defesa da democracia se manteve na América Latina. Considerando este contexto, o presente artigo parte dos seguintes questionamentos: a política exterior para a América Latina, durante o governo Trump, promoveu uma desconstrução da ordem liberal? Até que ponto se trata de um rompimento com a tradição estadunidense? O artigo foi dividido em três partes: inicialmente, as relações entre os EUA e a ordem liberal são debatidas, posteriormente são apresentadas as características da política para a América Latina e, por fim, o caso da Venezuela é analisado. A pesquisa foi realizada através da discussão da bibliografia e da análise textual de documentos oficiais e discursos de autoridades estadunidenses.
The dynamics of US security assistance to South America: the cases of Argentina, Brazil and Venezuela (2003 - 2015)
Laura Meneghim Donadelli, Matheus de Oliveira Pereira
Publicado em: Cadernos Cedec - 2021.
Abstract
The first decade of the 21st century is frequently reported as a moment of reaffirmation of autonomy as a relevant aspect of the foreign policies of South American countries, especially concerning the United States. Following this record, this article presents an empirical assessment of bilateral security dynamics between the United States and Argentina, Brazil, and Venezuela – from 2003 to 2015, focusing on the security assistance provided by the US to these three countries. The analysis reveals that such dynamics had the US strategic priorities as their main driver, but were also influenced by the general context of the bilateral relations.
Repensando o papel da China nas Operações de Paz das Nações Unidas: respondendo aos desafios a partir do Sul Global?
Patricia Capelini Borelli, Talita de Mello Pinotti.
Publicado em: Conjuntura Austral - 2021.
https://doi.org/10.22456/2178-8839.112326.
Resumo
Diante dos 50 anos da entrada da República Popular da China na Organização das Nações Unidas (ONU), o artigo tem como objetivo explorar a mudança do posicionamento do país no Conselho de Segurança, considerando a crescente participação chinesa em operações de paz. A partir de uma revisão bibliográfica, são apresentadas as principais características das operações de paz e os principais desafios enfrentados pelo Conselho na utilização desse instrumento. Em seguida, é estudada a progressiva mudança do engajamento da China nas missões. A literatura trata de três fases: abstenção (1971-1981); aproximação e flexibilização (1982-1998); e gradativa cooperação (2001-2010). Propomos uma quarta fase, denominada engajamento ativo (2010-2020), na qual o país se destaca como o segundo maior contribuinte financeiro, além de entrar para a lista dos dez maiores países contribuintes de polícia e tropas para as missões. Os dados sobre tais contribuições foram coletados a partir dos relatórios oficiais da ONU e indicam a crescente relevância chinesa no financiamento e suporte das operações de paz, áreas essas que, desde os anos 1990, representam os principais desafios da ONU na área de segurança e defesa.
As inflexões na política de defesa no governo Lula (2003-2010)
Adriano de Freixo, Patricia Capelini Borelli.
Publicado em: Tensões Mundiais - 2021.
Resumo
Neste trabalho procura-se discutir os fatores que levaram à implementação de uma política de defesa nacional mais assertiva durante o governo Lula (2003-2010). Analisam-se três possíveis justificativas: o maior protagonismo internacional do Brasil no período, o esforço para a reorganização institucional da defesa a partir da crise da aviação civil (2007) e a implementação de políticas de revitalização da indústria de defesa, como parte da estratégia de desenvolvimento econômico nacional.
O doméstico e o internacional como discurso normativo: a legitimação do uso da força
David Paulo Succi Junior
Publicado em: Carta Internacional - 2020.
https://doi.org/10.21530/ci.v15n1.2020.975.
Resumo
O objeto deste artigo é o emprego das forças armadas no interior das fronteiras estatais. Este fenômeno é caracterizado pela bibliografia especializada como uma ruptura com as funções normais dos instrumentos de força. Defendemos, porém, que o parâmetro de normalidade pressuposto pela literatura não reflete a descrição de um padrão histórico, mas consiste no modelo teórico normativo fundante das Relações Internacionais, que divide o mundo em unidades políticas pacificadas internamente e um espaço internacional anárquico. Esta abordagem teórica pressupõe a sobreposição entre território, autoridade política e comunidade, que dificulta a compreensão da recorrência histórica do emprego interno das forças armadas, assim como dos casos em que a atuação militar no âmbito doméstico está incorporada à normalidade jurídica e social. Analisamos cada um dos elementos que compõem este modelo teórico, tensionando sua coalescência. Com o objetivo de preencher a lacuna identificada, propomos uma abordagem pautada no processo de legitimação, através do qual o uso dos militares no interior das fronteiras do Estado torna-se aceitável.
Forças armadas e segurança pública na Argentina e no Brasil: reafirmação e ruptura do papel interventor
Héctor Luis Saint-Pierre e David Paulo Succi Junior.
Publicado em: Revista Brasileira de Estudos de Defesa (RBED) - 2020.
https://doi.org/10.26792/rbed.v7n2.2020.75218.
Resumo
O presente artigo busca compreender a divergência do padrão de emprego das forças armadas brasileiras e argentinas entre 1990 e 2018. Neste período, os militares argentinos foram treinados e utilizados exclusivamente para defesa contra ameaças externas oriundas de outros Estados, enquanto as Forças Armadas brasileiras foram empregadas essencialmente para lidar com problemas internos, relacionados a atores não-estatais. Questionamos três principais explicações consolidadas na literatura: 1) as missões militares são respostas pragmáticas a uma realidade objetiva; 2) o direcionamento das forças armadas para o interior das fronteiras do Estado corresponde à falência do controle político sobre as instituições militares; 3) operações militares domésticas resultam de pressões externas. Consideramos que estas perspectivas não respondem ao nosso problema de pesquisa e propomos lidar com esta lacuna através do conceito de papel social, definido como o conjunto de expectativas sociais sobre as práticas militares. Argumentamos que a divergência observada na atribuição de missões aos instrumentos de defesa na Argentina e no Brasil pode ser entendida através das dinâmicas históricas de ruptura e continuidade do papel militar nesses países.
Normas, isomorfismo institucional e demanda militar: o projeto do submarino nuclear da Marinha do Brasil
Jonathan de Araújo de Assis
Publicado em: Revista NEIBA - Cadernos Brasil-Argentina -2020.
https://doi.org/10.12957/neiba.2020.50556.
Resumo
Um extenso corpo da literatura sobre transferência e aquisição de armamentos dedicou-se a analisar os diversos elementos, endógenos e exógenos, que orientam a demanda dos Estados por tecnologia militar. À luz dessas considerações teóricas, diferentes trabalhos buscaram compreender o fenômeno de modernização militar em países da América do Sul e suas potenciais implicações para a dinâmica de segurança regional. Buscamos avançar o argumento de que a demanda por sistemas de armas modernos está vinculada a um processo internacional de isomorfismo das organizações militares. Nesse sentido, nosso objetivo é compreender a demanda da Marinha brasileira pelo submarino de propulsão nuclear. A partir da perspectiva do neoinstitucionalismo sociológico, nossa hipótese é que a demanda da força naval brasileira foi historicamente conformada pela difusão de normas constitutivas sobre o que representa o poder militar moderno.
Reinterpretação Do Externo Na Lei De Defesa Nacional Argentina
David Paulo Succi Junior
Publicado em: Revista NEIBA - Cadernos Brasil-Argentina -2020.
https://doi.org/10.12957/neiba.2020.50555.
Resumo
O caso argentino é emblemático para os estudos sobre relações civis-militares e missões das forças armadas na América do Sul. É considerado o país que, após o fim ditadura, teve maior sucesso em controlar politicamente suas forças armadas e restringir a atuação interna das mesmas, sendo a Lei de Defesa Nacional central neste processo. Em 2018, houve uma reinterpretação desta norma, pela qual a noção de “ameaça externa” passou a se pautar por uma perspectiva territorial e não mais relativa à natureza da ameaça. Essa ressignificação abriu margem para a alocação das forças armadas em operações de segurança pública. No artigo tem-se o objetivo de mostrar como este processo de reinterpretação tensiona duas concepções consolidadas na bibliografia: a relação entre controle político e redução das missões domésticas dos militares e a divisão interno/externo como parâmetro da organização dos instrumentos de força do Estado.
O programa nuclear iraniano e o regime de não-proliferação: dilemas para o futuro
Raquel Gontijo, Luiza Elena Januário
Publicado em: Meridiano 47 - 2020.
https://doi.org/10.20889/M47e21007
Resumo
O programa nuclear iraniano causa receios e inquietações há tempos, existindo suspeitas de que o país almeje a utilização da energia nuclear para fins militares, tornando-se uma potência nuclear ilegítima. Décadas de sanções e iniciativas de negociação não têm alcançado resultados satisfatórios. O presente artigo visa analisar o atual quadro da questão nuclear iraniana, argumentando que reflete controvérsias e dificuldades intrínsecas do regime de não proliferação nuclear.
Autonomia e desenvolvimento como ideias constitutivas na cooperação entre Argentina e Brasil na área nuclear
Luiza Elena Januário, Samuel Alves Soares.
Publicado em: Conjuntura Austral - 2020.
https://doi.org/10.22456/2178-8839.98772.
Resumo
O objetivo no artigo é analisar o papel das ideias de autonomia e desenvolvimento nas atividades e nos posicionamentos de Argentina e Brasil em matéria nuclear, para compreender os impactos na promoção da cooperação bilateral. O relacionamento entre Argentina e Brasil é historicamente marcado por oscilações entre tônicas de rivalidade e cooperação. No campo nuclear não há diferenças substantivas e foi inicialmente caracterizado por competição e desconfianças, sendo progressivamente alterado para uma postura de aproximação e construção da confiança mútua. Autonomia e desenvolvimento podem ser entendidos como noções presentes nas deliberações realizadas pelos e nos países e que permitiram a identificação de valores e desafios comuns. Autonomia e desenvolvimento serviram como um primeiro eixo de contato para a cooperação em uma temática sensível e relevante na segunda metade do século XX, desde o início dos esforços em matéria de tecnologia nuclear nos anos 1950 até o estabelecimento de um novo patamar para as relações bilaterais no início dos anos 1990.
La cooperación nuclear argentino-brasileña: reticencias brasileñas como limitadoras de una asociación estratégica ampliada
Samuel Alves Soares, Luiza Elena Januário, Cristian Daniel Valdivieso
Publicado em: Revista de Estudios en Seguridad Internacional - 2020.
http://dx.doi.org/10.18847/1.11.8.
Resumen
El objetivo del presente artículo es analizar cómo las relaciones argentino-brasileñas en el área nuclear fueron concebidas por el gobierno brasileño en tres momentos, a saber: en la década de 1980, cuando se inicia la aproximación bilateral; en la década de 1990, contexto en el cual los dos países revierten sus orientaciones de años anteriores y adhieren al régimen internacional de no proliferación de armas nucleares; y, por fin, en la primera década de los años 2000, cuando se produce un renacimiento del interés en la cuestión nuclear por parte del Brasil. Se postula que puede ser constatada cierta renuencia acerca del nivel de compromiso a ser asumido por Brasil, aunque el interés en la cooperación con Argentina se muestre como una constante. Enfocando la situación en los programas nucleares, en el marco de las relaciones bilaterales de modo general y en la percepción de la sociedad internacional sobre las actividades nucleares en cada momento presentado, se busca una visión de cómo era concebida la relación con el vecino por parte de las autoridades brasileñas en un área sensible desde el inicio de los esfuerzos de aproximación hasta un momento en que la cuestión ya parece consolidada. La tesis propuesta en el presente trabajo es que la reticencia brasileña se explica por la configuración de una política de poder expresada y asumida por distintos gobiernos afirmando una posición soberanista. Se concluye que la postura brasileña ha limitado las posibilidades de una asociación estrategia en el área nuclear entre Argentina y Brasil, puesto que este ha optado por limitar las relaciones con Argentina hacia el eje de la cooperación y no de una integración profunda, lo cual comprendería una abertura del país hacia el intercambio de conocimientos sensibles atinentes al área de la seguridad internacional.
Los Límites Del Progresismo: La Política Exterior De Argentina Y México Hacia América Latina
Matheus de Oliveira Pereira, Marcela Franzoni
Publicado em: Revista Neiba - 2020
https://doi.org/10.12957/neiba.2020.50600
Resumo
A eleição de Alberto Fernández gerou expectativas de uma retomada das agendas de política externa que caracterizam o período da "maré rosa" na América Latina. Desse ponto de vista, Argentina e México atuariam como o eixo de um bloco progressista que organiza a resistência às agendas de direita e propõe a retomada dos mecanismos de cooperação criados na primeira década do século XXI. O artigo argumenta que a possibilidade de uma política externa progressiva, embora exista, deve ser posta em perspectiva devido aos desafios enfrentados pelos dois governos. Em particular, a situação econômica na Argentina e no México pode ser um obstáculo para iniciativas mais vigorosas em política externa para a América Latina.